Em maio, a MATRIA publicou o documento FALSAS AFIRMAÇÕES SOBRE "ALEITAMENTO" POR PESSOAS DO SEXO MASCULINO: A SEGURANÇA DO BEBÊ EM FOCO.
Em complemento ao nosso documento, traduzimos um artigo de Milli Hill que revela mais uma mentira propagada sobre a suposta "amamentação masculina". O título é "BBC admite que seu relatório sobre 'leite trans' é enganoso e impreciso - Agora é hora do CEO do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS - National Health Service) admitir o seu erro."
Acompanhe abaixo:
Link do original: https://millihill.substack.com/p/bbc-admits-their-report-on-trans
Substack da autora MILLI HILL
22 DE JUNHO DE 2024
Tradução: Celina Lazzari e Andreia Nobre
Em Fevereiro, 33 mil pessoas leram o meu post sobre uma reportagem da BBC a respeito do seu programa The Context, relatando que uma fundação do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido afirmou que “o leite das mulheres trans era tão bom como o leite materno”.
Leia a postagem completa aqui, se ainda não o fez, mas se estiver sem tempo, aqui vai um rápido resumo.
Uma carta foi vazada por uma organização chamada Children of Transitioners (filhos de pessoas que transacionaram), escrita pela diretora médica dos Hospitais Universitários de Sussex, Rachael James.
Na carta, Rachael James considerava todo tipo de leite como “leite humano” e todas as evidências sobre tratamento de indução à lactação como sendo de igual valor. Ela não fez distinção entre lactação induzida em mulheres ou em homens.
Quatro dos cinco estudos citados por Rachael que aparentemente corroboram a alimentação de bebês com lactação induzida em homens, foram sobre lactação induzida em mulheres.
Na carta, James também citou evidências da Organização Mundial de Saúde de que o “leite humano” é melhor para os bebês. Novamente, estas recomendações da OMS são inteiramente sobre o leite materno (produzido pelo sexo feminino) – o “leite” masculino não é mencionado.
A reportagem da BBC (que você pode assistir na íntegra no meu post anterior) abria com as palavras: “O leite das ‘mulheres transgênero’ é tão bom para os bebês quanto o leite materno - isso é de acordo com uma carta do diretor médico dos Hospitais Universitários de uma fundação do NHS de Sussex (Sussex NHS Foundation Trust) …A fundação referiu-se a estudos e orientações da Organização Mundial de Saúde, incluindo um caso onde não foram encontrados o que foi chamado de efeitos observáveis em bebês alimentados por lactação induzida.”
Esta declaração da BBC implica claramente que os “estudos” e a “OMS” apoiam a afirmação de que “o leite das ‘mulheres transexuais’ é tão benéfico para bebês como o leite materno” – o que não é verdade. Repetindo, quatro dos cinco estudos e as informações da OMS basearam-se todos na lactação em mulheres.
A BBC então convidou Kate Luxion como única voz para comentar. Luxion não é especialista em amamentação e no programa até afirmou falsamente que o “leite trans” é “igualmente benéfico, e até mesmo de melhor qualidade” que o leite materno. (texto original da BBC aqui.)
No dia 21/06/2024, a BBC publicou as conclusões do seu Departamento para Reclamações Executivas (ECU), depois de muitos de vocês terem apresentado queixa (tendo sido inicialmente enganados pela sua resposta original - publicada aqui).
A ECU concluiu que o relatório da BBC era incorreto e enganou o público de várias maneiras. Aqui está meu resumo:
A ECU descobriu, tal como expus em minha própria investigação, que as provas que apoiavam a alegação da equivalência do “leite trans” se baseavam apenas num único estudo realizado com um único homem e que os outros estudos eram todos realizados em mulheres. “O peso das provas relevantes não foi, portanto, suficientemente claro e, na opinião da ECU, os telespectadores teriam ficado com uma impressão materialmente incorreta.”
A ECU também concordou que as observações iniciais do relatório afirmavam que a OMS apoiava as alegações sobre o 'leite trans', quando na verdade, “a orientação da OMS não se refere a ‘mulheres trans’, e assim… o público teria ficado com uma impressão falsa da evidência.”
Em relação às observações de Kate Luxion, a ECU também concluiu que ela estava errada ao afirmar que havia evidências incontestáveis do valor nutricional do leite trans ou da falta de qualquer risco potencial: “Deveria ter ficado claro para o público que são necessárias mais pesquisas antes que tais conclusões possam ser afirmadas com veracidade.”
É uma excelente notícia que estas reclamações tenham sido ouvidas e gostaria de agradecer a todos vocês que reclamaram sobre o assunto com a BBC. É ótimo poder, com detalhes e fatos claros, que o relatório foi enganoso por parte de uma autoridade de regulação (além de da minha investigação!). Na época da notícia, as alegações se espalharam de forma rápida e mundialmente, e apenas apoiaram as alegações do lobby trans de que questionar a lactação masculina é preconceituoso (com pessoas trans do sexo masculino).
Acima estão apenas alguns prints das manchetes que ainda estão circulando por aí, desinformando o mundo através das pesquisas cheias de viés (do ativismo trans) do Google.
Torço para que a nota de retificação da BBC ajude a combater esta situação, mas mesmo assim, fiquei por aqui pensando: como é que isso tudo pode ter acontecido?
A minha participação na história começou quando fui contactada, no dia 16 de Fevereiro, por um jornalista do Telegraph, a quem tinha sido enviado um comunicado de imprensa do think tank Policy Exchange. Parece que a carta da Dra. Rachael James aos Filhos dos Transicionários vazou para eles e foi publicada em seu boletim informativo Biology Matters. A Policy Exchange estava certa ao dizer que Rachael James havia escrito uma carta alegando que o 'leite trans' era de alguma forma equivalente ao leite feminino. Mas eles não se aprofundaram nas evidências que ela usou para fundamentar essa afirmação, nem verificaram como ela havia criado uma falsa equivalência entre a lactação induzida em homens e mulheres.
Nem eu, inicialmente, quando fui contatada para comentar. Estava ocupada. Li o comunicado de imprensa, mas não a carta de James ou os links, e fiz um rápido comentário ao jornalista. Aqui está minha resposta ao jornalista do Telegraph.
Uau.
Às vezes é difícil saber o que dizer, não é? Quero dizer - a insanidade está simplesmente... fora de controle. É como ser solicitado para comentar sobre se os membros da Família Real são lagartos alienígenas ou algo assim??!
De qualquer forma. Aqui estamos. E você precisa que eu diga alguma coisa. Então…
Os homens, independentemente de como se identifiquem ou se descrevam, não podem amamentar. Isto não deveria precisar ser dito ou explicado. Não há provas de que a pequena quantidade de “leite” que um mamilo masculino pode excretar – com os medicamentos certos – seja de alguma forma comparável ao leite materno feminino, muito menos que já foi capaz de nutrir e sustentar um bebê. Oferecer esse tipo de líquido a um bebê, especialmente dadas as restrições a que as mulheres que amamentam estão sujeitas (por exemplo, limitar o consumo de álcool), é uma falha de proporções épicas na proteção da saúde infantil.
Amamentar não é para satisfazer ou afirmar os adultos, é inteiramente para alimentar e nutrir o bebê. Um bebê está programado para buscar o mamilo da mãe e isso é um ato de confiança máxima na mãe para nutri-lo e cuidar dele em sua completa vulnerabilidade. Oferecer um mamilo masculino a um bebê é uma violação dessa confiança – eu chegaria ao ponto de descrever isso como abuso infantil. O fato de uma autoridade do NHS normalizar esta prática e fazer falsas alegações sobre ela é um escândalo médico e político.
O que eu disse foi adequado e estava correto (especialmente a parte sobre lagartos ha ha), mas pensando bem, eu gostaria de ter dedicado um tempo para me aprofundar na carta e nos links fraudulentos, porque então eu poderia ter potencialmente interrompido a desinformação de forma definitiva. Na situação em que eu estava na época, só depois que a história foi publicada e apresentada na BBC é que reservei um tempo para examinar o que a carta de Rachael James realmente dizia e percebi que era como um castelo de areia.
Portanto, embora eu ache que o pedido de desculpas da BBC é excelente, acho que precisamos fazer mais alguma coisa a respeito. Acredito que é preciso responsabilizar a Dra. Rachael James como a fonte desta história. Sua carta também contém uma assinatura dela, feita em nome do Dr. George Findlay, CEO do NHS University Hospitals Sussex. Temos de perguntar porque é que dois altos funcionários do NHS não só estão a deturpar a ciência ao escreverem aos Filhos dos Transicionários, como também permanecem completamente em silêncio quando o conteúdo da carta se torna viral e desinforma o público de vários lugares do mundo.
Rachael James parece agora ter consultório particular e não consigo vê-la listada no site do hospital de Sussex. Mas George Findlay, cujo nome constava da carta, ainda ocupa o cargo de CEO.
E o e-mail dele é george.findlay@nhs.net.
Tenho a intenção de contactá-lo e perguntar a ele por que razão permitiu que esta desinformação se espalhasse de forma incontrolável, e solicitar que publique uma declaração clarificando o conteúdo da sua carta.
Também vou twittar para ele, é claro!
Por favor, faça o mesmo e vamos continuar a responsabilizar essas pessoas. Um dos prints que postei foi do International Breastfeeding Institute (Instituto Internacional de Amamentação), uma organização que treina consultoras de amamentação nos EUA, que está usando as falsas alegações da carta de James/Findlay para sugerir aos seus estagiários que a lactação induzida em homens é carimbada pelo Serviço Nacional de Saúde.
Tudo isto precisa de ser desafiado porque os bebês, que não têm voz, serão diretamente prejudicados se não o tiverem.
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